quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Actividades Realizadas em 2019


Por ordem cronológica:


23 de Novembro - Serra Amarela - Calcorreando de Vilarinho da Furna à Louriça

10 de Novembro - Póvoa de Lanhoso - pelo Castelo ao Carvalho de Calvos e Ribº do Pontido

27 de Outubro - Baião - Calcorreando do Carvalhal de Reixela ao Castelo (Ovil)

12 de Outubro - Braga - Calcorreando à Nascente d' Este

15 de Setembro - Serra do Gerês - Calcorreando a Solo ao Topo da Penameda Grande

1 de Setembro - Serra do Gerês - Calcorreando pelos Cocões do Concelinho

25 de Agosto - Serra do Gerês - Calcorreando a Solo ao Topo da Roca Negra

3 a 10 de Agosto - Calcorreando para lá dos Pirinéus ;)

14 de Julho - Terras de Bouro - Calcorreando pelos Moinhos de Santa Isabel do Monte

30 de Junho - Galiza - Calcorreando da Praia aos Moinhos de Samieira (+Combarro e Poio)

10 de Junho - Serra do Gerês - Calcorreando de Sáa ao Pico da Nevosa

8 de Junho - Aveiro - Calcorreando pelos Passadiços de Aveiro

25 de Maio - Serra da Freita - no Alto da Freita (S.Pedro Velho e Destrelo da Malhada)

12 de Maio - Viseu - Calcorreando nas Grutas de Queiriga e pela Rota de Vale de Cavalos

13 de Abril - Galiza - pel'Os Baños de Bande (Aquis Querquenis) e Castro d'A Croa

7 de Abril - Serra da Estrela - Calcorreando & Escorregando (Penhas da Saúde)
6 de Abril - Serra da Estrela - Calcorreando por Loriga

4 de Março - França - Calcorreando por Le-Puy-en-Velay
3 de Março - França - Calcorreando por Estrasburgo e Colmar
2 de Março - Alemanha - Calcorreando por Mosbach e Schwäbisch Hall
1 de Março - Alemanha - Calcorreando por Mainz

17 de Fevereiro - V. N. Cerveira - Calcorreando pelos Novos Recantos da Serra da Gávea

3 de Fevereiro - Vouzela - Calcorreando de Poldra em Poldra

20 de Janeiro - Resende - Calcorreando no Trilho do Cabrum

6 de Janeiro - Serra do Gerês - Calcorreando no Trilho de Pincães em dia de Reis

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Actividades Realizadas em 2018


Por ordem cronológica:


9 de Dezembro - Matosinhos - Calcorreando à Beira Mar

25 de Novembro - Vila Verde - Calcorreando por Aboim da Nóbrega

27 de Outubro - Fafe - da Lagoa da Queimadela ao Carvalhal de Fafe (Aboim)

20 de Outubro - Salreu e Ílhavo - com o G.E.N.O.M.A. na BioRia e Bacalhoeiro Sto André

14 de Outubro - Serra d' Arga - Calcorreando pelas Cascatas da Serra d' Arga

30 de Setembro - Serra do Gerês - Calcorreando da Pedra Bela ao Borrageiro

19 de Agosto - Esposende - Calcorreando pelos Caminhos de Trail à Sra da Guia

1 a 14 de Agosto - Calcorreando pel' ....... (!!!)

1 de Julho - Galiza - Calcorreando por Moinhos cum Car(r)aças e Loureza

23 de Junho - Serra do Alvão - Calcorreando à Cascata Escondida do Rio Poio

16 de Junho - Galiza - Calcorreando no Facho do Home

10 de Junho - Serra das Meadas (Lamego) - Calcorreando no Parque Biológico

27 de Maio - Serra da Peneda - em Sistelo, por Passadiços, Brandas e Socalcos

13 de Maio - Bertiandos & Corno de Bico - Calcorreando por Paisagens Protegidas

1 de Maio - Serra do Gerês - Calcorreando com Abrótegas (Arrocela - Rocalva - P.Azul)

7 de Abril - Serra da Estrela -  Calcorreando & Escorregando (Torre - Sortelha - Sabugal)

5 de Abril - Penafiel - Calcorreando pelos Trilhos da Capela

31 de Março - Penafiel - Calcorreando pelos Trilhos de Cabroelo

24 de Março - Esposende - Calcorreando por Dolmens & Ruralidades

17 de Março - Castelo de Paiva - com o G.E.N.O.M.A. nos Passadiços do Paiva

12 de Fevereiro - Alcácer do Sal - Calcorreando pelo Cais Palafítico da Carrasqueira

10 de Fevereiro - Serra de Sicó - Calcorreando nas Buracas do Casmilo

21 de Janeiro - Castro Laboreiro - Calcorreando do Laboreiro ao Castro

domingo, 31 de dezembro de 2017

Actividades Realizadas em 2017


Por ordem cronológica:


23 de Dezembro - Serra Amarela - Calcorreando pelos Moinhos de Parada ao Encanto

12 de Novembro - Serra do Gerês - Regresso ao Pé de Cabril e Mata d' Albergaria

1 de Novembro - Serra do Gerês - Calcorreando pelo Trilho dos Dronedários

15 de Outubro - Serras do Porto - Calcorreando no Trilho das Lendas de Figueira

17 de Agosto a 4 de Setembro - Calcorreando pel' ....... (!!!)

16 de Julho - Galiza - Calcorreando pela Praia das Catedrais e Cabo Estaca de Bares

8 de Julho - Serra da Peneda - Calcorreando Pértinho do Céu - 10º ANIVERSÁRIO

25 de Junho - Galiza - Calcorreando pelo Cabo Home

13 e 14 de Maio - Picos da Europa - Calcorreando ao Collado Jermoso

1 e 2 de Abril - Galiza - pela Costa da Morte de Corrubedo a Malpica + Os Verdes

18 de Março - Serra do Marão - Calcorreando nas Margens do Rio Ovelha

18 de Fevereiro - Serra da Peneda - Calcorreando da Sra da Peneda ao Outeiro Alvo

22 de Janeiro - Serra do Gerês - Calcorreando de Pincães às Lagoas do Marinho

7 de Janeiro - Penafiel - com o G.E.N.O.M.A. na Rota do Auto dos Reis Magos

sábado, 31 de dezembro de 2016

Actividades Realizadas em 2016


Por ordem cronológica:


26 de Dezembro - Serra do Gerês - Calcorreando de Leonte ao Pé de Cabril

24 de Dezembro - Serras do Porto - Calcorreando das Minas ao D'Ouro

4 de Dezembro - Penafiel - com o G.E.N.O.M.A. na Rota do Românico, Ma Non Troppo

13 de Novembro - Serra do Gerês - Calcorreando no Trilho da Rocalva (c/ Cutelo de Pias)

29 de Outubro - Galiza - com o G.E.N.O.M.A. nos Moinhos d'O Rosal e Monte Aloia

16 de Outubro - Serra do Marão - c/ Amigos do Pedal de Mafomedes à Sra da Serra (1.415m)

1 de Outubro - Serras do Porto - Ensaio às Minas das Banjas

24 de Agosto - Penafiel - Ensaio Final ao Trilho de Lagares "Trilho das (12) Meninas"

4 de Agosto - Penafiel - Caminhada Infantil no Trilho de Figueira (Rural)

3 de Agosto - Penafiel - Caminhada Infantil no Trilho de Figueira (Monte)

10 de Julho - Penafiel - com o G.E.N.O.M.A. na Inauguração do "Trilho das Lendas"

11 de Junho - Maciço Central dos Pirinéus - Ascenção ao Pico do Aneto (3.404m)
10 de Junho - Picos de Urbión - Ascenção do Urbión (2.228m) e Nascente do Rio Douro

6 de Março - Serra do Larouco - Calcorreando de Padornelos ao Larouco (1.535m)

20 de Fevereiro - Penafiel - Calcorreando por Figueira

10 de Fevereiro - Província de Cádiz - Calcorreando por Setenil de las Bodegas
9 de Fevereiro - Serras de Ronda - Calcorreando na Cueva de la Pileta
9 de Fevereiro - Província de Málaga - Calcorreando no Caminito d'El Rey
8 de Fevereiro - Calcorreando pelas praias de Marbella
7 de Fevereiro - Província de Huelva - Calcorreando na Gruta de las Maravillas

23 de Janeiro - Tapada de Mafra - Calcorreando com Lobos

16 de Janeiro - Serra do Gerês - Caminhada Infantil na Pedra Bela


sexta-feira, 22 de abril de 2016

A LENDA DOS GIGANTES


A Lenda dos Gigantes, sua Calçada e seu Cansaço...
(Texto Original / Ilustrações da Internet)

No norte da Irlanda existe um local mágico a que chamam a Calçada dos Gigantes! É uma espécie de calçada de basalto em que as pedras de forma hexagonal parecem só terminar no centro da Terra! Ora, segundo a lenda local, a calçada que ali se encontra são as ruinas duma antiga via que aí fora construída por um gigante irlandês de seu nome Fionn mac Cumhaill (também conhecido por Finn) com o intuito de ligar a sua ilha à Escócia, onde iria defrontar um outro gigante, este escocês e conhecido por Benandonner (Ben), de quem recebera o desafio para um confronto que determinaria qual dos dois era o mais poderoso!

 
Assim que chegou à Escócia, Finn logo se apercebeu que Ben era bem maior que ele e que por isso dificilmente o venceria. O gigante resolveu então voltar à sua terra sem confrontar o adversário. Contudo o escocês soubera que o irlandês construíra a calçada e que por isso já poderia atravessar o mar para o defrontar! Ben decidiu então partir no encalce do seu adversário com o intuito de o esmagar no seu reduto e demonstrar, desse modo, todo o seu poderio.

Com a nova estrada, não lhe foi muito difícil chegar até ele, mas ainda o gigante Ben vinha a caminho e já Oonagh (Oona), a astuta mulher de Finn, congeminava um plano para livrar o marido dum confronto que parecia inevitável. Oona vestira o marido de modo a aparentar que se tratava de um bebé gigante e não de um guerreiro. Depois decorou um enorme caixote como se se tratasse de um berço e Finn deitou-se lá.

Deste modo, assim que Ben alcançou a casa de Finn, apenas encontrou a mulher e o suposto filho no berço. Ao ver tamanho bebé, o gigante ficou logo apreensivo, se o filho era assim então como seria o pai! Oona contou então que o marido se ausentara mas que estaria quase a chegar e serviu-lhe uns biscoitos caseiros enormes. O gigante aceitou a oferta sem desconfiar que no seu interior estava uma argola de ferro. Ao morder o doce, Ben soltou um grito com a dor do dente a partir. A mulher aproveita então para insultar o gigante chamando-lhe fraco por não conseguir comer um dos seus biscoitos, que o marido tanto apreciava, e dando um, sem recheio de ferro, ao camuflado Finn, diz-lhe que até um bebé os consegue comer! Ao ver tamanho feito, Ben decide abandonar de vez aquela ilha com medo de tal gigante que tinha um filho daquele tamanho e se alimentada com doces que lhe partiam os dentes!

No regresso a casa Ben ainda destrói a calçada para que o outro gigante não o pudesse procurar na sua pátria escocesa! 

Para os nossos amigos do norte a história termina aqui, mas para nós não… é que passados algum tempo chega por fim aos ouvidos de Ben a notícia de que na verde ilha irlandesa todos o gozavam por ter fugido de um gigante menos gigante que ele, contando-se as peripécias de como havia sido enganado pela mulher! 

Desta vez não haveria contemplação, Ben estava furioso, os seus olhos soltavam esgares aniquiladores e a sua respiração libertava um sopro de destruição. Prometeu não voltar sem destruir Finn e a terra que ele pisasse! 


Como já não existia a passagem construída por Finn entre as duas ilhas, Ben enche-se de coragem e resolve ir a “Mull of Kintyre”, um local de grande significado para os escoceses e dar um salto gigante para “Torr Head” na outra ilha, mesmo porque estes dois locais são os pontos mais próximos geograficamente entre os dois territórios e daí o local ideal para conseguir tal feito. 

Com este salto toda a ilha irlandesa é abalada pelo peso do gigante ao aterrar no solo. Finn, prevenido da ameaça que se aproxima e sabendo que desta vez não conseguiria ludibriar o gigante, decide partir para terras longínquas para evitar que a sua bem-amada pátria fosse destruída com a batalha de gigantes que, agora sim, seria inevitável!

A sua intenção agora é a de alcançar as terras do fim-do-mundo - a Callaicia - nome por que era outrora conhecido o norte da península ibérica. Para isso, Finn teria de utilizar uma outra passagem, esta feita com umas barcas flutuantes gigantes, que ele, secretamente, havia construído para ligar o seu território à Bretanha (actualmente na França) e de onde poderia alcançar o distante território da Callaicia, no fim-do-mundo antigo.

Enquanto Finn foge, Ben corre atrás dele deixando um rasto de destruição à sua passagem, não ficando qualquer barca para contar a história desta passagem flutuante para gigantes.


O campo de batalha escolhido por Finn para enfrentar o seu oponente foram as terras actualmente designadas por Meseta Central Ibérica que outrora se estendia também por toda a metade norte da península, aí se confrontaram os dois colossos insulares, mas o seu poder era equivalente sendo a menor envergadura de Finn compensada pela sua maior astucia, talvez por isso se diz agora de alguém astuto que é “fino”.

O combate durou uma eternidade e foi de uma brutalidade extrema. De cada vez que um dos gigantes era lançado ao terreno surgiam montes e vales logo inundados por torrentes de água que em tempestades jorravam dos céus tumultuosos pela fúria que emanava daqueles gigantes. Poderá ser apenas mais uma lenda mas a verdade é que a história de D. Quixote, que perseguia gigantes imaginários por terras da Mancha, poderia estar relacionada com esta luta ou de alguma memória que guardasse o seu rastro, ainda que um pouco deslocalizado. 

Quanto aos combates, Finn aproveitava o bastão de que se fazia sempre acompanhar para, com alguns golpes de destreza, conseguir atirar o gigante escocês ao solo. E assim o fez na primeira batalha, logo que Ben se preparava para entrar na Ibéria. A luta prosseguiu algum tempo por ali, com ambos os guerreiros a atingir o solo com tal violência que ainda hoje por ali se encontram algumas das montanhas mais altas da península - os Pirinéus – num desses golpes Finn para derrubar o seu adversário espetou o seu bastão no solo com tal força que as águas que naquela zona deveriam escorrer naturalmente para o Mediterrâneo (a sul da península), ainda hoje caiem nesse buraco, feito pelo seu cajado, e vão parar ao Atlântico (a norte da península).


À medida que a batalha progredia, Ben mais potente facilmente se erguia e atirava com o adversário para ocidente, num desses golpes a queda de Finn fez com que surgisse uma nova montanha, hoje conhecida como Urbião/Urbión, onde Finn quase perdia os sentidos ficando com a cabeça encostada ao pico da montanha, Ben preparava-se então para lhe desferir o golpe fatal quando aquele se desvia no ultimo instante.

A força com que o punho de Ben atinge a montanha, onde já não estava a cabeça de Finn, é tal que parte do pico da montanha desaparece, deixando no seu lugar umas paredes enormes que recortam a montanha desde o seu cume até à Lagoa Negra, que fica uns 500m mais abaixo. No mesmo instante e do outro lado da montanha, mas ali mesmo perto do pico e a mais de 2000m de altitude, com a força do golpe, brota da terra, com toda a força, aquele que ainda hoje é o rio mais forte da Ibéria (por ser o rio com maior caudal de água), o Rio Douro.

Mas não se pense que a batalha ficaria por aqui, durante 7 dias e 7 noites, continuaram a empurrar-se mutuamente, para ocidente primeiro (assim surgem os Picos da Europa e cordilheira cantábrica, bem como as montanhas galegas) e depois para sul (norte de Portugal).

Com golpes violentos que os desfiguravam e enfraqueciam, as montanhas que daí provinham iam reduzindo de dimensão, no entanto, as quedas eram cada vez mais frequentes e daí o terreno ter ficado tão agreste e sinuoso, assim surgiram, por exemplo, montanhas como as do nosso Parque Nacional, a Peneda-Gerês.


Ben continuava a tentar golpear Finn que se esquivava e no lugar onde os punhos de Ben fissuravam a terra apareciam as chamadas fontes benditas, pois dizia-se por aqui outrora que “Ben dita onde nascem os rios” e por isso à nascente dum rio chamavam Fonte Ben-dita.

Por fim, aqui nestas terras, já perto do grande mar, e no limite do cansaço, os dois gigantes tentavam desesperadamente um golpe final que lhes desse a vitória no confronto. Agarrando-se um ao outro, praticamente já só lhes restava discernimento para desferirem golpes mútuos com a cabeça no intuito de quebrar o crânio do adversário e assim lograr vencer a contenda, no entanto as forças eram cada vez mais escassas e as suas investidas apenas resultavam em algumas fissuras superficiais naqueles couraçados.

E foi assim que, aqui mesmo neste local, já sem qualquer energia vital, os dois colossos caíram por terra com as suas testas próximas e com um fitar de morte que os petrificaria para sempre! Com os pés dentro do mar e membros a empurrar as águas do Douro para sul, as suas cabeças ficaram para todo o sempre aqui sepultadas, sob o pó da memória que pelos milénios aqui se depositou para embelezar com um manto verde o local de tão horrenda contenda. Os nossos antepassados que por aqui assistiram a tão catastróficos acontecimentos, contaram às gerações seguintes que a batalha havia sido terrível e que nunca houveram visto algo tão mau! Este lugar ficou para sempre conhecido pelos mais sábios que contavam às novas gerações toda a história e lhes aconselhavam a não mais se esquecerem que, o que outrora acontecera nas nossas terras, fora Muito Mauzinho! Mas com o tempo também a memória destes acontecimentos se iria perder, embora não totalmente, pois que neste local, em que pisamos estas enormes massas de granito como se de uma calçada se tratasse, afloram novamente os crânios petrificados e rachados dos gigantes que aqui repousam depois da sua batalha final.


Talvez por isso, também, este local seja conhecido por Monte Mózinho e que por aqui perto nasça o Rio Mau!


© calcorreando 2016

terça-feira, 22 de março de 2016

A LENDA DOS OLHOS DE ÁGUA



A Lenda dos Olhos de Água...
(Texto Original / Ilustrações da Internet)

Houve um tempo em que a menina Vera vivia feliz brincando com os seus primos Abraão e António (a quem chamavam Brão e Tono). No seu universo havia sempre sol e alegria e a Vera cresceu feliz e divertida. No entanto um dia, a sua ama Gaia casou com Bereno (ou Berno, como gostava que o tratassem), mas Berno era um ser frio e tenebroso que impunha a sua vontade e disciplina a todos, e a liberdade com que cada uma das crianças brincava com Gaia acabou! Gaia passava cada vez menos tempo com as crianças e, por ali, já só se ouvia falar de Gaia e Berno!


As crianças começaram a passar cada vez mais tempo juntas e mais ausentes de Gaia... O carácter de Tono e Brão era muito diferente um do outro, mas ambos gostavam muito da sua prima Vera... o Tono de carácter moderado, como a sua prima, sentia por ela muita afinidade e passava muito tempo junto dela aleando-se um pouco do seu primo Brão. Já o Brão de carácter mais vincado, caloroso mas temperamental, tinha ciúmes do Tono e queria brincar com a prima, mas sem o Tono, pois como havia muita cumplicidade entre ambos, sentia-se excluído. 


Por causa disto fazia de tudo para os separar e um dia em que Vera procurava, como sempre, o Tono para novas brincadeiras, o Brão decidiu afastá-la dele e enganou-a dizendo-lhe que o Tono havia conhecido uma nova amiga, a Imprudência, e que os vira partir em direcção ao Desconhecido, um lugar que ninguém sabia como lá chegar! Disse também que ainda tentara que eles ficassem a brincar com ele mas que o Tono lhe tinha dito que já não voltava a brincar com eles pois agora só gostava da sua nova amiga e iria com ela para a sua terra, pois a Imprudência morava no lugar Desconhecido. 

Vera ficou inconsolável e desatou num pranto tamanho que logo ali nasceu uma lagoa de lagrimas daqueles olhos de água... 

Não contente com este cenário o Brão, assim que viu o Tono aproximar-se, e antes que a prima o avistasse, correu a chamar por Berno e disse-lhe que o Tono havia sido horrível com a prima Vera, que lhe tinha tirado as folhas, secado as flores e afoguentado os passarinhos que a divertiam, e ainda, que insatisfeito por ele ter tentado ajudar a prima, lhe tinha tirado, a ele, os frutos e roubado as colheitas, o Berno assim que ouviu esta história soltou toda a sua fúria, saltaram relâmpagos da sua voz e tempestades dos seus braços, vociferou ameaças de destruição ao Tono...


O Tono assim que ouviu tamanha fúria ao longe, olhou na sua direcção e sentiu toda a ira do universo em Berno! Não percebera o que se passava até que Bento, seu pai, lhe disse para fugir pois ouvira Berno prometer destruí-lo se o apanhasse. Tono pôs-se em fuga e só voltou a aproximar-se de Gaia quando o Bento lhe sussurrou que Berno já estava longe!

Desde esse tempo que a prima Vera caminha pelo terrenos de Gaia à procura do Tono, espalhando os seus olhos de água por onde passa ao mesmo tempo que todos alegra com o seu canto de ave e o seu sorriso florido. O Brão, que continua a segui-la procurando alegrá-la com as suas quentes e festivas noites e sua luxuriosa claridade, vai afastando-a dali sempre que sente o Tono a chegar! Por sua vez o Tono quando chega, já não vê sinais da prima Vera, acende fogueiras para a encontrar e constrói abrigos para se esconder de Berno, recria as fontes que lhe recordam a sua amiga mas logo se afasta assim que o Bento, seu pai, lhe sussurre que o Berno se aproxima com vontade de o apanhar e aniquilar.


Berno na sua austeridade impôs que Gaia não tenha descanso, pois tem de brincar com Brão ou Tono e também com a sua prima Vera, sem os conseguir juntar. Por outro lado, Berno só se afasta de Gaia quando parte na sua caça ao Tono.  Por fim, Gaia ignorando que em Berno existe uma aversão desmesurada ao Tono, adormece cansada nos braços do marido assim que ele regressa da sua frustrada perseguição, despertando do seu sono para brincar com todos novamente.


Por isso se dizia noutros tempos que:
da exuberância rival de Brão ao Tono, só depois da ira em Berno é que a prima Vera volta a Gaia!

ou como se diz agora:
da fartura de Verão-Outono, só depois de ir o Inverno é que a Primavera volta à Terra!



© calcorreando 2016