Percurso calcorreado com Manuel António, Jorge Louro,
Rosa Alves, Jorge Ferreira e Ana
Distância: 16kms aprox.
A Penameda, também chamada de Penameda grande pra vincar
a diferença relativamente à Penameda Pequena ali ao lado, a sudoeste, é um
daqueles locais não muito conhecidos (dos forasteiros) mas que deixa a sua
marca aos que por lá se atrevem a atopar!
Esta foi uma aventura que começou com uma chamada do
amigo Rui França uma semana antes, chamada telefónica e chamada de atenção pra
aquela meda de rocha que sem a notoriedade de uma Rocalva, se erguia também
imponente e sobranceira a uma lagoa da Peneda, seca por estes dias devido às
obras de manutenção que por ali decorriam e deveriam estar a terminar. Logo se
apontou como próximo destino de actividade do Calcorreando e com o adiamento da
ida a Mafra no fim-de-semana seguinte, rapidamente se encontrou uma
oportunidade para o fazer!
Depois de vários estudos de possíveis trajectos, optou-se
por uma solução que para além de ter em conta o facto de os dias serem muito
curtos, permitisse tomar diferentes decisões no local, em função das condições atmosféricas
algo instáveis que têm sido apanágio das últimas semanas! Acabamos por iniciar
o trilho em S. Bento do Cando e não na Gavieira que teria sido a opção escolhida
caso estivéssemos com dias mais longos ou tivéssemos encontrado céu limpo no início
da manha, algo que também não aconteceu. Assim, a primeira parte foi feita com,
relativamente, boa visibilidade para os vales mas com os cumes ocultos em
nuvens e nevoeiro... Já depois de subir o maciço e ao passar por perto da Penameda
Pequena, deixando para trás o vale do Rio Pomba (que a montante se chama
Milharas) em direcção à Chã do Monte, eis que se abrem as nuvens e se destapa
por completo a paisagem, situação que se iria manter durante bastante tempo,
enquanto calcorreávamos pelo planalto, descobríamos um lago que afinal já tinha
água, novamente, ou observávamos que as reparações da represa deixavam um pouco
a desejar pois já havia muita água a sair pelas juntas das pedras. Só aquando da
aproximação para a subida à Penameda Pequena é que as nuvens voltaram a invadir
os cumes e como tal a subida a esta pequena foi feita no meio do nevoeiro.
Bem, eu disse pequena mas não disse fácil, pois que se
apesar do acesso lá acima não apresentar grandes dificuldades, o facto de haver
zonas muito molhadas devido às recentes chuvadas e a inclinação de certas
passagens poderiam só por si demover muitos caminheiros. Já pra os mais afoitos
que não se deixassem intimidar com isso a Pequena tinha ainda mais um trunfo e
uma prova para lhes dar a superar, é que nos últimos 3-5m de altura havia que
subir um degrau, aí com uns 2 metros, para daí sim poder chegar ao seu ponto
mais elevado, registado pelo GPS nos 1.148m, embora a carta militar lhe atribua
menos 12m (1.136m).
Aqui foi necessária a ajuda de uma escadinha humana e de
um pouco de técnica de subida entre-paredes para ultrapassar este obstáculo! Lá
em cima, apesar das nuvens, ainda deu para olhar para baixo e ver aquilo que
havia nas imediações, além das várias piscininhas que se encontravam no cume
desta roca!
Dada a dificuldade da subida e a falta de visibilidade
para longe, apenas a Rosa optou por trepar, aproveitando-se da sua estatura pra
conseguir passar entre duas rochas e aceder a um local onde a trepada se fazia
sem recurso a escadinhas! Algo que não era possível aos restantes, a menos que
passassem de rastos! ;)
Com o treino de subida a uma Penameda, estávamos
preparados para enfrentar a verdadeira Penameda! A aproximação é feita rodeando
esse maciço rochoso (com uma proeminência topográfica superior a 260m) o que
permite apreciar a sua imponência e a inviabilidade de alcançar o seu cume por
outro local que não o que está traçado e marcado por mariolas por aqueles que
antes de nós se aventuraram nessa maluquice de trepar montes e rochas desta magnificência!
Desde a lagoa, não é preciso andar mais de quilometro e
meio, pelo PR da Peneda, até ao local em que temos de derivar à direita para
iniciar a trepada. Depois de um tramo inicial de forte pendente mas sem
dificuldades de maior, surge então a verdadeira muralha onde é necessário encontrar
a brecha que nos facilita a entrada da fortaleza… nestas alturas os registos de
GPS não nos ajudam muito, sabemos que estamos perto, mas não sabemos como, se
por cima ou por baixo duma rocha, através duma abertura entre 2 rochas ou se
temos de arranjar umas fissuras para trepar ;)
Neste caso, primeiro vimos uma passagem em túnel, mas
como estava com um belíssima poça de agua, preferi contornar, o que se mostrou
assertivo. Depois apareceu outra parede por detrás da primeira e aqui surge a
dúvida maior já que da conversa com o Rui ficara com a ideia de que haveria um
local onde seria necessário trepar entre-paredes, o que aconteceria se optasse
pelo caminho da direita, mas aqui a escalada seria de cerca de 3m o que me
parecia um pouco exagerado para a descrição que me fora dada, como não tinha a
certeza de que o caminho por aí fosse dar a algum lado, de utilidade, optei por
procurar uma alternativa mais viável, pois caso contrário o grupo ficaria já
partido por ali, pois haveria com certeza quem dispensasse tamanho
entretimento! ;)
Regressei pois ao contacto com os demais e tentei pela
esquerda, sendo que neste caso era necessário descer alguns metros para depois
contornar à direita e subir trepando por degraus de rocha e tufos de terra e urze,
degraus bem acentuados que criaram em alguns membros o receio de não serem
capazes de fazer tal trepada, no entanto sabia que o pior estava ali e que quem
ali estava tinha capacidade para muito mais, pelo que rapidamente se
ultrapassou o impasse e assomamos ao topo, o qual não aparece de imediato pois
é necessário ainda percorrer um pouco do cabeço rochoso lá no alto, ainda que
já com pouca pendente, até se chegar ao ponto mais alto, registado nos 1.268m e,
neste caso, confirmado pelo GPS!
Com o objectivo principal alcançado, faltava ainda um
outro objectivo, não menos importante, que era o de conseguir ver algo! Algo que
se nos afigurava difícil pois desde que iniciámos a aproximação à Penameda que
a mesma desaparecera no nevoeiro e só havia visibilidade em cerca de uma
centena de metros à volta, no entanto, como estávamos a meio do dia e já por
diversas ocasiões o céu se nos tinha revelado em azul celeste, acreditava que
uma espera poderia revelar-se frutuosa, o que acabou por acontecer, apesar da
impaciência dos restantes, não porque eu fosse mais paciente que eles, mas porque
era o único que tinha a mochila com comida ali em cima, já que os restantes
optaram por trepar sem mochila e a barriga já há muito que dava horas :D
Acabamos por ver, inicialmente, um pouco das imediações
por entre nuvens e, passado um bom bocado, foi possível ver mesmo o azul
celestial, as eólicas, a lagoa e o Lima, ou seja, praticamente em todas as
direcções, sendo que só o Outeiro Alvo ficou sob um monte de nuvens,
ocultando-nos a sua torre que só iriamos poder observar, já na descida, a
caminho da Bouça dos Homens.
Depois de ultrapassada a parte mais difícil da jornada,
ou seja, a destrepada e já na posse das mochilas, passou-se à acção, com o
almoço de confraternização e partilha, com direito a cafezinho com cheirinho,
diga-se que já merecíamos :)
Como o Outeiro Alvo se mostrava irredutível em não se
deixar mostrar e o dia já ia adiantado, optou-se por deixar esse cume para
outro dia e no regresso aproveitamos para conhecer a Bouça dos Homens, a Mamoa
do Batateiro (já conhecida do J.Louro que nos explicou a origem deste topónimo)
e a paisagem vista a partir da Cabeça do Cando, antes da descida para o seu S. Bento,
local que ainda hoje é utilizado como Branda, segundo nos afiançou, no local,
um seu habitante…
Brevemente actualização com fotos ;)
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