domingo, 14 de dezembro de 2014

Subida às Penameda's - Serra da Peneda



Percurso calcorreado com Manuel António, Jorge Louro, Rosa Alves, Jorge Ferreira e Ana
Distância: 16kms aprox.




A Penameda, também chamada de Penameda grande pra vincar a diferença relativamente à Penameda Pequena ali ao lado, a sudoeste, é um daqueles locais não muito conhecidos (dos forasteiros) mas que deixa a sua marca aos que por lá se atrevem a atopar!

Esta foi uma aventura que começou com uma chamada do amigo Rui França uma semana antes, chamada telefónica e chamada de atenção pra aquela meda de rocha que sem a notoriedade de uma Rocalva, se erguia também imponente e sobranceira a uma lagoa da Peneda, seca por estes dias devido às obras de manutenção que por ali decorriam e deveriam estar a terminar. Logo se apontou como próximo destino de actividade do Calcorreando e com o adiamento da ida a Mafra no fim-de-semana seguinte, rapidamente se encontrou uma oportunidade para o fazer!

Depois de vários estudos de possíveis trajectos, optou-se por uma solução que para além de ter em conta o facto de os dias serem muito curtos, permitisse tomar diferentes decisões no local, em função das condições atmosféricas algo instáveis que têm sido apanágio das últimas semanas! Acabamos por iniciar o trilho em S. Bento do Cando e não na Gavieira que teria sido a opção escolhida caso estivéssemos com dias mais longos ou tivéssemos encontrado céu limpo no início da manha, algo que também não aconteceu. Assim, a primeira parte foi feita com, relativamente, boa visibilidade para os vales mas com os cumes ocultos em nuvens e nevoeiro... Já depois de subir o maciço e ao passar por perto da Penameda Pequena, deixando para trás o vale do Rio Pomba (que a montante se chama Milharas) em direcção à Chã do Monte, eis que se abrem as nuvens e se destapa por completo a paisagem, situação que se iria manter durante bastante tempo, enquanto calcorreávamos pelo planalto, descobríamos um lago que afinal já tinha água, novamente, ou observávamos que as reparações da represa deixavam um pouco a desejar pois já havia muita água a sair pelas juntas das pedras. Só aquando da aproximação para a subida à Penameda Pequena é que as nuvens voltaram a invadir os cumes e como tal a subida a esta pequena foi feita no meio do nevoeiro.

Bem, eu disse pequena mas não disse fácil, pois que se apesar do acesso lá acima não apresentar grandes dificuldades, o facto de haver zonas muito molhadas devido às recentes chuvadas e a inclinação de certas passagens poderiam só por si demover muitos caminheiros. Já pra os mais afoitos que não se deixassem intimidar com isso a Pequena tinha ainda mais um trunfo e uma prova para lhes dar a superar, é que nos últimos 3-5m de altura havia que subir um degrau, aí com uns 2 metros, para daí sim poder chegar ao seu ponto mais elevado, registado pelo GPS nos 1.148m, embora a carta militar lhe atribua menos 12m (1.136m).



Aqui foi necessária a ajuda de uma escadinha humana e de um pouco de técnica de subida entre-paredes para ultrapassar este obstáculo! Lá em cima, apesar das nuvens, ainda deu para olhar para baixo e ver aquilo que havia nas imediações, além das várias piscininhas que se encontravam no cume desta roca!



Dada a dificuldade da subida e a falta de visibilidade para longe, apenas a Rosa optou por trepar, aproveitando-se da sua estatura pra conseguir passar entre duas rochas e aceder a um local onde a trepada se fazia sem recurso a escadinhas! Algo que não era possível aos restantes, a menos que passassem de rastos! ;)

Com o treino de subida a uma Penameda, estávamos preparados para enfrentar a verdadeira Penameda! A aproximação é feita rodeando esse maciço rochoso (com uma proeminência topográfica superior a 260m) o que permite apreciar a sua imponência e a inviabilidade de alcançar o seu cume por outro local que não o que está traçado e marcado por mariolas por aqueles que antes de nós se aventuraram nessa maluquice de trepar montes e rochas desta magnificência!

Desde a lagoa, não é preciso andar mais de quilometro e meio, pelo PR da Peneda, até ao local em que temos de derivar à direita para iniciar a trepada. Depois de um tramo inicial de forte pendente mas sem dificuldades de maior, surge então a verdadeira muralha onde é necessário encontrar a brecha que nos facilita a entrada da fortaleza… nestas alturas os registos de GPS não nos ajudam muito, sabemos que estamos perto, mas não sabemos como, se por cima ou por baixo duma rocha, através duma abertura entre 2 rochas ou se temos de arranjar umas fissuras para trepar ;)
Neste caso, primeiro vimos uma passagem em túnel, mas como estava com um belíssima poça de agua, preferi contornar, o que se mostrou assertivo. Depois apareceu outra parede por detrás da primeira e aqui surge a dúvida maior já que da conversa com o Rui ficara com a ideia de que haveria um local onde seria necessário trepar entre-paredes, o que aconteceria se optasse pelo caminho da direita, mas aqui a escalada seria de cerca de 3m o que me parecia um pouco exagerado para a descrição que me fora dada, como não tinha a certeza de que o caminho por aí fosse dar a algum lado, de utilidade, optei por procurar uma alternativa mais viável, pois caso contrário o grupo ficaria já partido por ali, pois haveria com certeza quem dispensasse tamanho entretimento! ;)

Regressei pois ao contacto com os demais e tentei pela esquerda, sendo que neste caso era necessário descer alguns metros para depois contornar à direita e subir trepando por degraus de rocha e tufos de terra e urze, degraus bem acentuados que criaram em alguns membros o receio de não serem capazes de fazer tal trepada, no entanto sabia que o pior estava ali e que quem ali estava tinha capacidade para muito mais, pelo que rapidamente se ultrapassou o impasse e assomamos ao topo, o qual não aparece de imediato pois é necessário ainda percorrer um pouco do cabeço rochoso lá no alto, ainda que já com pouca pendente, até se chegar ao ponto mais alto, registado nos 1.268m e, neste caso, confirmado pelo GPS!

Com o objectivo principal alcançado, faltava ainda um outro objectivo, não menos importante, que era o de conseguir ver algo! Algo que se nos afigurava difícil pois desde que iniciámos a aproximação à Penameda que a mesma desaparecera no nevoeiro e só havia visibilidade em cerca de uma centena de metros à volta, no entanto, como estávamos a meio do dia e já por diversas ocasiões o céu se nos tinha revelado em azul celeste, acreditava que uma espera poderia revelar-se frutuosa, o que acabou por acontecer, apesar da impaciência dos restantes, não porque eu fosse mais paciente que eles, mas porque era o único que tinha a mochila com comida ali em cima, já que os restantes optaram por trepar sem mochila e a barriga já há muito que dava horas :D

Acabamos por ver, inicialmente, um pouco das imediações por entre nuvens e, passado um bom bocado, foi possível ver mesmo o azul celestial, as eólicas, a lagoa e o Lima, ou seja, praticamente em todas as direcções, sendo que só o Outeiro Alvo ficou sob um monte de nuvens, ocultando-nos a sua torre que só iriamos poder observar, já na descida, a caminho da Bouça dos Homens.

Depois de ultrapassada a parte mais difícil da jornada, ou seja, a destrepada e já na posse das mochilas, passou-se à acção, com o almoço de confraternização e partilha, com direito a cafezinho com cheirinho, diga-se que já merecíamos :)

Como o Outeiro Alvo se mostrava irredutível em não se deixar mostrar e o dia já ia adiantado, optou-se por deixar esse cume para outro dia e no regresso aproveitamos para conhecer a Bouça dos Homens, a Mamoa do Batateiro (já conhecida do J.Louro que nos explicou a origem deste topónimo) e a paisagem vista a partir da Cabeça do Cando, antes da descida para o seu S. Bento, local que ainda hoje é utilizado como Branda, segundo nos afiançou, no local, um seu habitante…

Brevemente actualização com fotos  ;)

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