5ª Etapa - de Sigueiro a Compostela (em 8 de Março de 2011)
8 de Março,
último dia desta “peregrinação” do Ferrol a Santiago… e dia de Carnaval!
Pelos
vistos não fora só eu que dormira mal, pois ao pequeno-almoço os ingleses, que
foram meus vizinhos de piso, também se queixaram do ruído!
O meu
jantar de ontem, acabara por se fazer no quarto com alguns artigos comprados
num supermercado, perto e na mesma rua do hostal. Como tal o pequeno-almoço fizera-se
também no quarto, com o que sobrara e que tinha sido comprado já a pensar
nisso, por isso, havia que fazer ali a despedida dos ingleses que já não
voltaria a encontrar.
À saída de Sigueiro,
tudo muito calmo por ser feriado, Carnaval. Tempo de ressentir o cansaço…
talvez acumulado dos dias anteriores, talvez resultado da noite mal dormida.
Por um lado, estivera até tarde a transferir fotos de um telemóvel, que já não
tinha mais espaço em memória, para outro que não guardava a informação de quando
a foto havia sido tirada, o que me obrigou a perder mais tempo a criar notas
com a informação que iria precisar mais tarde, pra saber donde tirara as fotos.
Por outro lado, o desconforto da cama e das alergias que adiaram a hora de
passagem ao estado oficial de adormecido!
Ah, também
tempo de ressentir uma bolha, que quis dizer presente na etapa final… tipo, eu
tou aqui :P
Esta
primeira parte da etapa final até que parece interessante, por causa de um ou
outro caminho por onde se segue, embora tal panorama não dure por muito tempo,
para dar lugar a um percurso junto a una estrada nacional que mais à frente
intersecta uma zona industrial que permanece durante tempo demasiado, com um
apogeu, negativo, junto da FINSA, (indústria de aglomerados de madeira) com a
sua densa fumarada!
Talvez por
me encontrar numa das zonas menos apelativas de todo o trajecto sinta com maior
intensidade a bolha a magoar… tempo de ignorar as maleitas e seguir caminho… ao
som de “here i go again om my on...” literalmente…
Até ao centro
de Santiago, não trouxe, esta etapa do percurso, nada mais interessante do que
uma paragem num bar, ainda na zona industrial, chamado de “Polígono”, onde me
ofereceram a coisa mais parecida com um bolinho de bacalhau que deverá existir
em terras da realeza ibérica! Pelo menos foi agradável, terem oferecido algo de
comer ao peregrino, ainda que a água de 50cl a 95cts não fosse propriamente uma
pechincha, a oferta dos 2 bolinhos (de batata) e dos 2 “calamares”, ficou-lhes
muito bem. :)
Não tardou
muito até que estivesse às portas de Compostela! E embora o percurso e
respectivas marcações estivessem um pouco baralhados, talvez pela possibilidade
de se seguir diferentes trajectos, o objectivo de alcançar logo que possível a
Catedral de Santiago, mote para qualquer peregrino, outrora como agora,
depressa viria a ser concretizado!
Como marca
da passagem dos séculos, agora que nunca como outrora, a oração na hora da
chegada foi substituída pela já instituída… foto “finish” :D assim como quem
não quer, mas afinal até quer, comprovar que o objectivo fora conseguido e pretendendo
mais tarde recordar aquele momento… mas por mais que se diga que uma imagem vale
mais que mil palavras, a verdade é que nem mil imagens podem equivaler ao momento
vivido e sentido :)
Tempo para entrar
na catedral de mochila às costas… fazer a ronda e procurar a oficina do
peregrino onde é suposto darem a Compostela, espécie de diploma escrito em
latim, onde se certifica que o seu detentor cumpriu os requisitos, ou seja
apresentar uma credencial com uma data de carimbos (é bom saberem que
normalmente exigem que haja pelo menos 2 carimbadelas por cada dia de
percurso), e que como tal cumpriu a peregrinação de acordo com as leis
eclesiásticas. Como tal às 15h00 locais (14h00 em Portugal), sou oficialmente
um Peregrino!
Uma vez que
a oficina do peregrino, não fica situada na catedral mas sim num edifício
antigo numa das ruas que lhe são perpendiculares (mais precisamente do lado
direito de quem admira a colossal fachada), regresso à mesma para o tradicional
abraço ao santo… contudo o santo tinha ido almoçar :D … ou pelo menos quem o
guarda, já que fecham a porta de acesso ao local por detrás da estátua e fixam
o horário na porta gradeada em ferro. Assim havia que voltar às 16h00 para cumprir
este ritual… já que não ia esperar pelo dia seguinte para assistir à missa do
Peregrino (que se realiza todos os dias às 12h locais, para quem desejar
participar tem de ter isso em conta) e apesar de mais uma vez encontrar uma
porta fechada (não foi a da catedral mas foi a do santo) pelo menos ao ritual
do abraço tinha de comparecer ;)
Depois de
ter estado sentado, durante alguns momentos, no interior da catedral a escrever
algumas destas notas, aproveitando o tempo ainda disponível para uma bebida num
bar ali próximo!
Pouco
depois das 16h00 entrego ao santo os Abraços de quem mos havia confiado, de
entre Familiares, Amigos e “Xente no camiño”!
O meu caminho,
esse iria-se prolongar ainda um pouco mais, até chegar novamente ao albergue
onde me alojára na primeira noite, para um banho refrescante antes do regresso
a casa…
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